Lembrei outro dia que, ao acompanhar pela televisão a festa da posse de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República, há oito anos, uma das pessoas mais aplaudidas foi Marina Silva, quando Lula lhe deu a posse no cargo de Ministra do Meio Ambiente, logo depois dele mesmo ter tomado posse. Muito se falou da competência e do reconhecimento internacional de Marina, de sua amizada com Lula e com Chico Mendes, e também seu trabalho pelo meio ambiente e pelos povos da Floresta.
Marina para mim era uma exemplar figura, a qual jamais pensei que um dia pudesse sentir tanta decepção e desapontamento como hoje sinto. Se tem alguém que eu NÃO vou votar para presidente do Brasil, esta será Marina Silva, e explico minhas razões.
Ela não me parece corrupta, mas isto não é suficiente. Suas declarações contra o matrimônio de pessoas do mesmo sexo não deixam dúvida de que se trata de uma pessoa que é preconceituosa e pratica a discriminação. Que não tem exato discernimento quanto aos direitos humanos na sua totalidade. Isto é um requisito básico para quem quer ser presidente, e não falo aqui da sua fé cristã ou de suas convicções pessoais. Refiro-me a sua posição de pessoa pública que pleiteia o maior cargo público da república. Ela está sendo o anti exemplo do que se espera de uma candidata a cargo público, pois não esconde que esta sua posição viola preceitos constituticonais básicos, que hoje os países desenvolvidos estão reconhecendo cada dia mais, de respeito e defesa aos direitos de LGBTs, como casamento e da proteção do estado à livre orientação sexual das pessoas, por exemplo.

Se Marina é evangélica, macumbeira, católica, atéia, ou o raio que a parta, isto é problema que diz respeito a sua intimidade, às suas convicções pessoais, assim como também a minha orientação sexual diz respeito somente aos meus interesses. Porém, tanto eu, como ela, temos direitos inalienáveis, direitos humanos, que obrigatoriamente devem ser respeitados.
O exercício da presidência da república requer esforços como o da impessoalidade e do tratamento isonômico a ser dado a todos os brasileiros, independentemente de suas convicções religiosas e orientação sexual. De modo que hoje, qualquer pessoa tem obrigação de respeitar e exigir que respeitem os direitos humanos, dentre os quais estão os direitos dos LGBT de poder constituir família, adotar filhos, serem respeitados e ter proteção do estado para que sua dignidade e imagem sejam sempre salvaguardadas, e não sofram violência.
Os direitos dos LGBT não são ainda garantidos na sua totalidade no Brasil, mas é um fato histórico que a cada dia diversos países do mundo tem reconhecido os direitos de LGBT. No Brasil muito ainda falta conquistar; mas muito já se caminhou, visando alcançar igualdade de direitos. Um outro bom exemplo é o da União Européia que exige que os países a ela vinculados respeitem a união entre pessoas do mesmo sexo, e não criminalizem a homossexualidade, nem pratiquem discriminação.

O Brasil é um país laico, e tem que continuar assim. Marina Silva, conte comigo para que você não seja eleita.