domingo, 7 de julho de 2013

MARILENA CHAUÍ fala da “cura gay” e da necessidade de uma profunda mudança antropológica e simbólica para o reconhecimento da identidade LGBT.

'Cura gay', na forma da piada, do sarcástico e do que não se leva a sério, daquilo que se pode brincar e não com a seriedade da sexualidade.

Na quinta feira passada, dia 04 de julho, foi realizado um debate na sede do Sindicato dos Advogados de São Paulo SASP, por iniciativa da tendência  Consulta Popular para discutir as manifestações populares ocorridas no mês de junho e as perspectivas políticas decorrentes.

Os debatedores convidados foram a Professora Marilena Chauí, o advogado e sindicalista Ricardo Gebrim e o jornalista  Alípio Freire. Após as apresentações de cada expositor foram abertas manifestações aos presentes para suscitar esclarecimentos e provocar debates. Eu não perdi tempo e sapequei uma pergunta aos debatedores: como eles entendiam estavam sendo tratados os direitos de LGBT e em especial  o evento da “cura gay” tanto pelas forças progressistas como pelas forças conservadoras no contexto das manifestações populares.  
Fui surpreendido com a resposta extremamente dura, realista e desafiadora que Marilena Chauí me deu. Eis a razão deste post. Ela disse que "o debate sobre o reconhecimento de direitos da comunidade LGBT entrou no contexto das manifestações e protestos de junho passado na sua pior forma possível, que foi através da 'cura gay', na forma da piada, do sarcástico e do que não se leva a sério, daquilo que se pode brincar e não com a seriedade da sexualidade."

Afirmou também que "a repressão sexual contra o reconhecimento de direitos LGBT que a sociedade brasileira à esquerda e à direita, acima e abaixo realiza exige uma mudança cultural no nível antropológico e no nível simbólico. Mudança profunda, uma tarefa, que ela está à disposição no que puder ajudar".
Esta sua resposta reforça a importância da conscientização da comunidade LGBT para que se politize e saiba entender a conjuntura e a reivindicar reconhecimento de direito de livre orientação sexual e identidade de gênero. Não adianta só bater o cabelão.

Esta sua resposta reforça a importância da construção de um movimento LGBT com autênticas raízes na dura realidade e nas necessidades deste segmento social vulnerável à discriminação, à violência homofóbica e a marginalização de cidadania. É inaceitável que neste contexto desolador ainda nos deparemos com a velha prática da correia de transmissão de outros grupos de interesse.
Sociedade brasileira à direita, à esquerda, acima e abaixo.
Assistam ao vídeo.