terça-feira, 29 de outubro de 2013

Contando ninguém acredita..... dando entrevista para a geladeira aberta.


Causos que o povo conta e a gente duvida. Contando ninguém acredita..... 

o causídico abria a geladeira e começava a dar entrevista para os alimentos.
Ouvi falar de um advogado que tinha uma necessidade muito grande mesmo de aparecer e de se auto promover, que ia além das necessidades médias de auto promoção dos demais seres humanos.

Ele era tão ávido por aparecer que quando abria uma geladeira, e sua luz interna se acendia, o causídico começava a dar depoimentos como se estivesse dando entrevistas para as câmeras de TV. 

Uma outra de suas estratégias era pesquisar casos nos tribunais que pudessem ser de repercussão e notoriedade para então procurar os advogados e as partes envolvidas e oferecer seus préstimos de fazer sustentação oral durante o julgamento. E, depois, saia dizendo afora que ele era o advogado responsável e que tinha ganhado a causa. 

Diz a lenda da boca maldita do povo que, certa vez, no afã de sua escalada de auto promoção ele se comprometeu em fazer sustentação oral num mesmo processo tanto de uma parte, como de outra, mas na última hora foi impedido pelo meirinho do tribunal que o botou para correr. 

Uma vez a produção do Programa do Jô Soares convidou-o a dar uma entrevista, que o deixou tão entusiasmado a ponto de não conseguir dormir na noite anterior. Minutos antes de começar a gravação do programa no estúdio de Tv, a ansiedade era tamanha que o doutor precisou ir ao banheiro se aliviar. Por azar, a fechadura do sanitário quebrou com ele lá dentro, que ficou trancado e faltou à gravação da entrevista. 

Atualmente, além de ter abolido todas as fechaduras dos banheiros de sua casa, ele está processando a fábrica de fechaduras, a Rede Globo e o Jô Soares. E fica aqui o alerta para aqueles que querem aparecer, para tomarem cuidado com as fechaduras que encontrarem pela frente. Umas são bem fáceis de abrir, outras nem tanto e outras ainda precisam dos chaveiros especialistas.

“PT entrou para o clube dos privatistas e varreu a bandeira do Petróleo É Nosso”, diz cientista político

Este post foi reproduzido do blog de Roldão Arruda


O leilão do campo petrolífero de Libra, na segunda-feira da semana passada (21), provoca debates internos e ganha destaque nos encontros entre os candidatos ao cargo de presidente nacional do partido. Também repercute nas redes sociais a decisão de Emanuel Cancella de abandonar a legenda. Secretário-geral do Sindipetro do Rio de Janeiro, ele divulgou carta na qual afirma que o leilão foi “a gota d’água que faltava para me afastar definitivamente de um partido que, a cada dia, se torna mais entreguista e neoliberal”.

O debate interno, porém, não irá muito longe, na avaliação do cientista político César Sanson. Para ele, o PT vem abandonando seus princípios programáticos desde que chegou ao poder, em 2002; e hoje os grupos localizados à esquerda do petismo já não têm mais força.
“Há muito tempo e em doses homeopáticas, o partido foi acostumando-se com as concessões programáticas e assimilando alianças que chegaram a incluir Paulo Maluf”, afirma o especialista na entrevista abaixo. “Libra é apenas um capítulo a mais nessa história.”
Sanson é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e colaborador do site do Instituto Humanitas Unisinos, para o qual produz análises de conjuntura. Ele afirma que o leilão contraria tudo o que programaticamente o PT construiu desde a sua origem e representa o fim da bandeira da O Petróleo É Nosso.
Poucos dias antes do leilão do campo de Libra, o senhor escreveu que seria a maior privatização da história brasileira e que, perto dela, a privatização da Vale do Rio Doce, no governo Fernando Henrique Cardoso, seria “fichinha”. Passado o leilão, mantém essa opinião?
Eu diria mais, que o leilão do campo petrolífero de Libra já pode ser considerado a privatização do século pelos valores monetários e o significado político. A Vale marcou decisivamente e emblematicamente o governo FHC, assim como Libra marcará a era Lula/Dilma. Com Libra e na esteira das concessões de rodovias e aeroportos, o governo do PT assume que os princípios liberais de mercado são constitutivos ao seu modo de governar. Os conceitos ‘parcerias público-privado’, ‘concessões’ e, agora, o ‘regime ‘partilhado’ completam a trilogia da versão petista de privatização. Libra é mais que a Vale não apenas pelo aspecto financeiro, mas também pelo aspecto simbólico. Com Libra varre-se do imaginário a consigna O Petróleo é Nosso.
O senhor não considera o argumento de que Petrobras não reúne condições técnicas, industriais, financeiras, para tocar sozinha a empreitada e por isso adotou o regime de partilha?
Esse talvez seja o argumento mais consistente da justificativa do governo para a privatização de Libra. Há, porém, enormes controvérsias. A Petrobras detém reconhecida tecnologia na área, não dependendo de ninguém para extrair o petróleo. Por outro lado, tem capacidade de capitalização gigantesca no mercado internacional exatamente em função das descobertas do pré-sal. Tudo indica que o argumento serviu para esconder uma decisão que se orienta pela pressa do governo.
Por que teria pressa?
Tem pressa em conseguir dinheiro para o ajuste de suas contas internas e para dar respostas, mesmo que incipientes, às jornadas de junho. 
O PT chegou ao poder se contrapondo às privatizações e criticando ações do governo FHC. Acha que a decisão sobre Libra contraria o programa e as promessas de campanha PT?
A decisão contraria frontalmente tudo o que programaticamente o PT construiu desde a sua origem. Goste-se ou não, é evidente que o PT mudou muito nesses últimos anos e a senha foi a Carta ao Povo Brasileiro de 2002. Para governar, o PT deixou de lado muitos dos seus princípios. As medidas anunciadas por Dilma Rousseff de caráter privatista, o tratamento parcimonioso para com as demandas dos movimentos sociais, os investimentos parcos nas áreas sociais contrastando com recursos volumosos despendidos para o pagamento dos encargos da dívida pública, o tratamento duro com os movimentos grevistas, a tolerância para com o agronegócio, a sempre e cada vez mais ampla política de alianças, as tentativas de derrogação da legislação de demarcação das terras indígenas, entre outros exemplos, demonstram que o PT agora no poder, pouco se distingue daqueles que sempre criticou. 
O leilão terá reflexos internos no PT?
Não. Há muito tempo e em doses homeopáticas, o partido foi acostumando-se com as concessões programáticas e assimilando alianças que chegaram a incluir Paulo Maluf e hoje aceitam até Kátia Abreu em seu palanque. Os petistas foram rendendo-se ao pragmatismo, rebaixando as exigências em nome da governabilidade. Libra é apenas um capítulo a mais nessa história toda. Alguns petistas pedirão a sua desfiliação, mas não provocará nenhum abalo interno. Note-se que nenhuma liderança de peso contestou a decisão. Pior ainda, ouviram-se até patéticos argumentos de que o PT é melhor que o PSDB até na hora de privatizar.
O senhor também escreveu que o leilão de Libra seria um divisor de águas na história do PT. Por que não se falou isso quando ocorreram  as concessões de rodovias?
É um divisor de águas na medida em que o partido assume definitivamente como programa de partido o princípio da privatização também em áreas estratégicas. As concessões de rodovias e aeroportos não têm o peso e a simbologia que o petróleo tem no imaginário político brasileiro, à ideia de soberania, autonomia energética. Como já disse, a consigna O Petróleo É Nosso foi varrida com Libra.
Dilma afirmou que os recursos obtidos com o leilão irão para a área social. Não é uma boa justificativa?
É o velho argumento de que os fins justificam os meios. O governo de FHC usou o mesmo argumento para torrar o patrimônio nacional. É mesmo bastante provável que parte dos recursos, inclusive a maior parte, vá para a área social. Mas isso é o mínimo que se espera. Absurdo é usar os recursos para o ajuste fiscal – superávit primário – hipótese levantada por muitos. Mas o governo não precisava privatizar para obter recursos para a área social, os recursos viriam da mesma forma se Libra ficasse sob a integral gestão do Estado. Com o açodamento o governo ganha no curto prazo, mas perde no longo. 
Não ocorreram grandes manifestações de protesto contra o leilão. Nada que fizesse o governo se sentir pressionado. A que atribui isso? Onde estavam os movimentos sociais e sindicatos que criticam a medida?
Na verdade a sorte do pré-sal foi lançada lá atrás, quando o governo Lula arquitetou o modelo de exploração do pré-sal por petrolíferas privadas. Os protestos deveriam ter sido feitos quando Lula preparou e deferiu a legislação da qual Dilma se legitimou para privatizar Libra. Aliás, Libra é uma obra a quatro mãos, de Lula e Dilma.
Por que não protestaram lá atrás?
Ninguém protestou lá atrás porque, diga-se criticamente, os petroleiros, a FUP (Federação Única dos Petroleiros), a CUT (Central Única dos Trabalhadores), o MST (Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) estavam com o governo. Perderam força, chegaram tarde, e a sociedade rendeu-se ao argumento de que o dinheiro servirá parar enfrentar problemas estruturais como saúde, educação e mobilidade urbana.
O leilão terá reflexos na eleição presidencial de 2014?
Terá reflexos na medida em que forças políticas, como o PSDB, devolverão o troco. Dirão que sempre foram acusados de privatistas pelos petistas e esses agora fazem o mesmo. Irão procurar desqualificar o PT como o partido que diz uma coisa e faz outra. O PT, então, terá que explicar que ‘regime partilhado’ é diferente de privatização. É diferente na forma, mas no conteúdo, o resultado final é o mesmo, o patrimônio nacional, parte dele ou integral é destinado à exploração do mercado privado. Libra, entretanto, não alterará os rumos da eleição, o que define uma eleição é o conjunto da economia, particularmente a oferta de emprego.
Está dizendo que o PT passou para o clube dos privatistas. Mas ele ainda se qualifica como partido de esquerda.
O PT passou para o clube dos privatistas embora renegue e renegará isso até o fim dos seus dias. Como disse anteriormente, o ‘regime de partilha’ completa com as ‘parcerias público-privado’ e as ‘concessões’ a trilogia privatista do PT. Depois do desmedido aliancismo, depois da flexibilização do Código Florestal, depois da destruição da política de demarcação de terras indígenas, depois do esvaziamento da reforma agrária e agora com a privatização de Libra, fica cada vez mais difícil perceber o que resta de esquerda no PT.
Acompanhe o blog pelo Twitter – @Roarruda

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Bolsa Família - O preconceito e uma cultura de desprezo pelos mais pobres.

Classe média – uma tripla abominação: política, ética e cognitiva.

Este post é uma provocação.  Sim, é sim. Mas não é uma provocação infantil, inútil, para satisfazer propósitos mesquinhos. É para reflexão.

Toda vez que me deparo com assuntos que dizem respeito a analisar o comportamento e a mentalidade da classe média, tenho a sensação de estar cometendo matricídio de classe social. Sou o típico filho desta classe social, e talvez por isto a conheça tão bem no seu pior sentido. Desde os idos tempos em que estudava no colégio Meninópolis, escola de classe média do bairro paulistano do Brooklin Paulista, até quando ingressei nas Arcadas, na velha e sempre nova Academia de Direito do Largo São Francisco, fazer parte, conviver com e na classe média foi uma experiência de entorpecimento moral, alienante e, ao mesmo tempo, que provocou sentimentos dos mais perversos, discriminatórios, preconceituosos, invejosos e, acima de tudo, individualistas, mesquinhos e egoistas. 

Hoje, ao ler a entrevista da pesquisadora Walquiria Leão do Rego e imediatamente assistir ao vídeo de Marilena Chauí – tudo isto presente neste post - fico com a alma lavada e enxaguada e continuo apostando que a solução dos males da classe média está em aprender o que é e como se pratica a solidariedade. Esta é a sua oportunidade de se redimir.

Miami, we hate you!   Complexo de cachorro vira lata we hate you too.

Na data de ontem, no Blog do jornalista Roldão Arruda, (clique aqui) do portal do Estadão, foi publicada uma entrevista com a cientista social Walquiria Leão Rego, que recentemente realizou um trabalho de pesquisa com o filósofo italiano Alessandro Pinzani no período de 2006 a 2011. Eles ouviram mais de 150 mulheres beneficiadas pelo programa Bolsa Família, localizadas em lugares remotos e frequentemente esquecidos, como o Vale do Jequitinhonha, no interior de Minas e outras localidades no sertão do Piauí.

O resultado da pesquisa está no livro Vozes do Bolsa Família, lançado há pouco. Segundo as conclusões de seus autores, o incômodo e as manifestações contrárias que o programa desperta em alguns setores não têm razões objetivas. Seria resultado do preconceito e de uma cultura de desprezo pelos mais pobres.

Os pesquisadores também rebatem a ideia de que o benefício acomoda as pessoas. “O ser humano é desejante. Eles querem mais da vida como qualquer pessoa”, diz Walquiria, que é professora de Teoria da Cidadania na Unicamp.

A entrevista de Walquiria Leão Rego  traz pontos muito interessantes e reveladores, tais como:

(i)                 dar dinheiro aos beneficiários do programa Bolsa Família é uma forma de conferir maior liberdade à população, ao invés de distribuir cestas básicas. As pessoas escolhem o que fazer com o dinheiro e a escolha é um direito na sociedade democrática.  Diz Walquiria que Toda a sociologia do dinheiro mostra que sempre houve muita resistência, inclusive das associações de caridade, em dar dinheiro aos pobres. É mais ou menos aquele discurso: “Eles não sabem gastar, vão comprar bobagem.” Então é melhor que nós, os esclarecidos, façamos uma cesta básica, onde vamos colocar a quantidade certa de proteínas, de carboidratos… Essa resistência em dar dinheiro ao pobres acontecia porque as autoridades intuíam que o dinheiro proporcionaria uma experiência de maior liberdade pessoal.

(ii)               Outro ponto relevante é que é baixo o custo do Bolsa Família (0,5% do PIB), mas incomoda muito a classe média, o que revela o preconceito que ela tem em relação aos pobres.

(iii)             Há um estereótipo de que o beneficiado com o Bolsa Família se acomoda. Não é verdade. Os salários pagos pela iniciativa privada (empresários e comerciantes) são na maioria das vezes menor que o Bolsa Família, o que os compara a tratamento de semi escravidão dos trabalhadores. Assim, é melhor não trabalhar e receber o Bolsa Família do que permanecer na condição de semi escravo.

(iv)              O Bolsa Família tornou visíveis cerca de 50 milhões de pessoas, tornou-as mais cidadãs. Essa talvez seja a maior conquista.

O post de Roldão Arruda, intitulado “Preconceito contra Bolsa Família é fruto da imensa cultura do desprezo” recebeu em menos de 24 horas mais de 25 mil recomendações de leitura pelo Facebook. Este blog é um dos mais lidos dentre todos os do Portal do Estadão há algum tempo.

E, na onda de malhar a classe média e a sua mesquinha cultura de discriminação e desprezo, trago aqui o vídeo de 13 minutos em que Marilena Chauí faz uma detalhada e clara explanação sobre o perfil da classe média paulistana, concluindo que ela tem mentalidade e comportamento de abominação ética, política e cognitiva.

A professora Marilena Chauí participou de um debate no inicio do mês de julho de 2013 no Sindicato dos Advogados de São Paulo, por iniciativa e a pedido da tendência política Consulta Popular, para discutir as manifestações populares ocorridas no mês de junho e as perspectivas políticas decorrentes.

Também foram convidados como debatedores o advogado e sindicalista Ricardo Gebrim e o jornalista  Alípio Freire. Ao final de sua exposição a Professora Marilena Chaui foi solicitada a falar sobre sua opinião em relação à classe média, em especial a paulistana, e sobre suas três formas de abominação: a cognitiva, a ética e a política.

Nos seus relato e análise vê se que a situação da classe média, de não ter definição, nem identidade é patética. Não pode ser capitalista, por que não tem capital, e ao mesmo tempo demoniza o proletariado, por que tem preconceito contra ele. Assim, só lhe resta ser a guardiã da moralidade e da segurança pública. Patético.


Diferentemente das outras vezes que falou sobre este assunto, a Professora fez uma previa explicação sobre as diferentes definições de classe média e os programas e projetos sociais do governo brasileiro. Na sua opinião não há uma nova classe média no Brasil como quer fazer crer o governo federal, mas uma nova classe trabalhadora, 40 milhões de brasileiros que saíram da miséria e hoje estão inseridos no mercado de trabalho do modelo econômico neoliberal.

Assistam ao vídeo, ele é muito bom.





.