terça-feira, 9 de setembro de 2014

WILL


Na madrugada de domingo para segunda feira, 08.09.2014, morreu William Aguiar no hospital Paulistano, na Capital de São Paulo. Ele era meu amigo há quase uma década e meia, e eu gostava muito dele.  Era teimoso demais e só fazia o que queria, sendo que por vezes dava vontade de lhe dar uns tapas, mas ele era assim mesmo e não tinha quem o mudasse, nem o calasse.

Era sensível e solidário. Não consigo dizer muito mais coisas sobre ele neste momento, mas estou reproduzindo abaixo pequenos depoimentos de amigos e parentes que confirmam que William era uma pessoa doce, e um ativista político defensor dos direitos humanos aguerrido, combativo e sempre indignado.


William também gostava de uma galhofa, de falar bobagens e coisas muito engraçadas. Quando se inspirava no besteirol, costumava se apresentar com o nome de “Maria de Fátima Goreth”, um alter ego da sua viadagem vaidosa e devassa.


Com vocês: William Aguiar ou  simplesmente Maria de Fátima Goreth


Roldão Arruda – 08.09.2014

William foi cremado ontem pela manhã em São Paulo. A mãe vai levar as cinzas para Belém, a cidade onde ele nasceu, há cinquenta anos.
William lutava contra um câncer. No final da tarde de domingo, no hospital, a médica comunicou-lhe que não havia mais nada a fazer. Também disse, pouco antes de sair do quarto, que iria deixar tudo pronto para que ele fosse sedado. Só iriam fazê-lo, no entanto, quando pedisse.
William recebeu em seguida a visita de dois velhos amigos. Conversaram até que a dor não permitiu mais. Então ele pediu licença aos dois, chamou o enfermeiro e autorizou a sedação. Morreu menos de três horas depois.


Naquela última conversa, ele ainda se lembrou de mandar um abraço para mim. Fazia isso sempre que encontrava algum amigo comum, desde o início da década de 1990. Foi quando o conheci. Eu escrevia sobre comportamento e ele atuava no setorial LGBT do PT - o que era uma super novidade na época.
William foi uma importante fonte de informações durante anos. Depois ele deixou São Paulo e eu mudei de área de cobertura, mas nunca perdemos o contato. Ultimamente era aqui pelo Facebook, onde, no dia 3 de agosto, indignado com o avanço da doença, ele postou essa pérola do Tropicália.




Acho que sua maior virtude era a indignação. Contra qualquer tipo de injustiça. Logo no nosso primeiro contato ele estava indignado contra a reação de setores mais tradicionais do PT à criação de um setorial LGBT.
Ele e sua santa indignação vão fazer falta.


Julian Rodrigues – 08.09.2014

Muito triste. Faleceu essa madrugada, em São Paulo, o Willian Aguiar, que vinha, nos últimos tempos, lutando contra um câncer.
Willian Aguiar era uma pessoa muito querida.
Ele foi minha primeira referência sobre LGBT no PT
Foi um dos fundadores do Núcleo LGBT, em São Paulo, na época, Núcleo de Gays e Lésbicas, no início dos anos 1990.
Ele escrevia no jornal EM TEMPO, da DS, artigos maravilhosos, que eu sempre lia, quando era estudante universitário em MG e ativista do Movimento Estudantil. Willian foi um dos organizadores dos 13 pontos do PT na eleição de 1994, de Lula e Zé Dirceu. Ele sempre contava, com aquela ira santa que o caracterizava, que os panfletos só saíram depois das eleições, estavam estocados em algum depósito.

Quando me mudei pra SP, no final dos anos 1990, pude conhecê-lo pessoalmente, colaborando com a Sonia Hypolito, na Secretaria Nacional de Movimentos Populares, precursora da organização de todos nossos setoriais.
Depois Willian ficou um tempo na Europa, e, no início dos anos 2000, voltou ao Brasil. Soropositivo, morou uma época em Belém, depois, em São Paulo, novamente,quando pudemos estreitar nossa relação. Militamos juntos no Instituto Edson Neri, junto com Beto de Jesus e Eduardo Piza.
Depois, como ótimo jornalista que era, foi para Brasília, onde estava morando. Nos últimos, infelizmente, sua saúde vinha se deteriorando.
Andava também, há anos, muito bravo com os vacilos do PT, que não deixava de criticar veementemente. Mas, nunca cogitou , que eu saiba, deixar nosso Partido.
Se não me falha a memória, a última vez que estive com ele foi no final de 2011, na II Conferência Nacional LGBT.
Acho que o Willian deveria ser homenageado no nosso ato do dia 20. Ele ficaria satisfeito em ver esse verdadeiro reencontro do governo e do PT com nossa pauta. Com certeza, estaria lá, com sua garra e combatividade.
Vá em paz, amigo.
Willian Aguiar, presente!



Beto de Jesus – 08.09.2014 


Amigxs queridxs! É com muita tristeza que comunico a vocês o falecimento do William Aguiar meu querido amigo e de muitxs de vcs aqui. William vinha lutando bravamente contra um câncer na região pelvica nos ultimos meses e por volta da 0:50 hs de hoje fez sua passagem e acabou com todo o sofrimento que estava submetido. Tive o prazer de ser muito intimo dele e dividir muitas coisas da vida e quis Deus que ontem juntamente com Eduardo Piza Mello fossemos visita-lo a noite no hospital e poder falar com ele e nos despedirmos. Ele me olhou nos olhos e me disse: "Meu irmão, essa visita é a nossa despedida!" E assim foi. Ajudei-o a acomodar-se na cama e nos despedimos. Tenho hoje no meu coração e nas minhas orações sua mãe Marilea e sua irmã Olivia Aguiar, duas mulheres muito especiais que tive o prazer de conhecer. Ao meu amado irmão, agradeço por nossa amizade, intimidade e cumplicidade e por todos os ensinamentos. Descanse em paz! Tão logo tenhamos mais informações sobre o velório eu comunicarei,



Vitória Aguiar – 08.09.2014 

Padrinhos são pais espirituais, que tem como função ajudar o seu afilhado no caminho da fé Cristã. E meu dindo cumpriu o seu papel em minha vida magnificamente, que apesar da distancia estava ligado de uma forma muito forte em meu coração. E hoje só peço para que Deus cuide muito bem do senhor, que seja bem recebido com muita festa ai no Céu, pois foi uma pessoa maravilhosa, inteligente, digno, talentoso, enfim, suas qualidades são tantas que poderia ficar escrevendo o dia inteiro.
Obrigada por ter escrito uma parte da minha história, e por ter torcido por mim em todas as minhas vitórias e por ter acreditado em mim. TE AMO DEMAIS TIO / PADRINHO / AMIGO.
Sentirei saudade mas sei que estará olhando por nós aqui

  
Olivia Aguiar – 08.09.2014 


Venho a todos os meus familiares e amigos notificar a partida de meu irmão William Aguiar para a morada de nosso pai...agradeço a todos que pediram, rezaram...a oração liberta o espírito. .que tenhamos em nossos corações um sentimento de liberdade. ..tenho certeza ,que era o que ele mais prezava em sua vida. Não temos mais angústias e sim esperança porque Deus prepara o melhor caminho.Obrigado a todos. .A mão que te segura meu mano neste momento é a do Seu Pai...Oxalá te cubra de luzes....te amo menino maluquinho. ..




Carlos Passarelli – 09.09.2014


William era alguém que aparecia e sumia da minha vida, para depois tornar a aparecer. Era, de fato, uma aparição. Conheci-o na época da criação do núcleo de gays e lésbicas do PT, brigando e se irritando com o machismo e a homofobia que reinava em alguns setores do PT (ainda reinam, infelizmente). Depois ele sumiu e apareceu junto a pessoas com quem andava a fazer teatro. Quando alguém some a gente diz que foi para Portugal. Ele, de fato foi, e vim a re-encontrá-lo em Brasília. Já mostrava sinais da doença, mas estava sempre sorrindo e debulhando sua irreverência. Com ele eu entendi o que era a militància Política, com P maiúsculo. E com ele eu também aprendi os males de qualquer forma de fundamentalismo. Ele sempre me falava de suas crenças religiosas, sem nunca querer me impor nada. Ele respeitava a diferença, mas tinha tolerância zero com a ignorância. Eu fico feliz que seu sofrimento tenha chegado ao fim. Mas eu fico triste em saber que nunca mais eu vou virar uma esquina e ver aquela aparição, me assombrando de alegria e carinho. Fica somente a certeza que ele está fazendo seus ritos por nós, pois ele vivia para os outros. Tchau, meu irmão. Fica em paz...






Lula Ramires – 09.09.2014



Acho fundamental prestarmos homenagem a William. Pessoalmente, devo a ele minha trajetória primeiramente no Núcleo de Gays e Lésbicas (NGL) do PT municipal de São Paulo, o que me levou depois ao Corsa e ao atual Setorial LGBT do nosso partido. Em 1993, eu vi o William no programa do Sergio Groisman na TV. Era um programa de auditório, no SBT, ao vivo, com uma galera jovem fazendo perguntas. William foi falar sobre homossexualidade, sobre política, sobre a necessidade de combater a homofobia na sociedade brasileira. Fiquei encantado com suas palavras, com sua clareza, com sua garra, com sua postura combativa. Um ano antes, em 1992, eu voltava de Londres onde tinha morado por 10 meses e conhecido o movimento organizado de lá: havia grupos em vários bairros da capital inglesa, havia jornais gays distribuídos gratuitamente e que eram super politizados, havia uma infinidade de bares, havia as manifestações de protesto (beijaços inclusive) organizados pelo Act Up. E eu me perguntava se havia, no Brasil, vida gay inteligente... Eu havia participado dos encontros de um grupo chamado Gay Young London. E tudo isso serviu de base e inspiração para muitas coisas que eu vim a fazer aqui, anos depois. Mas destaco a importância que aquela entrevista do William teve na minha vida e que foi a centelha que me trouxe para a militância LGBT, da qual muito me orgulho de pertencer. Não cheguei a conhecer o William nesta época porque ele se mudara para Portugal e lá militava na luta contra o racismo. Só vim a conhecê-lo 7 anos depois, em 2000, numa das históricas Plenárias Nacionais LGBT do Partido dos Trabalhadores, realizadas anualmente em São Paulo, por ocasião da nossa Parada. Ele se emocionou quando eu falei da influência que ele teve na minha vida! Em seguida, passei a integrar o grupo assessor HSH do então Programa Nacional de DST/Aids, do Ministério da Saúde. Como o William morava perto do local das reuniões, invariavelmente ficava hospedado na casa dele, onde conversávamos sobre tudo: as contradições do movimento LGBT, a conjuntura política, a vida, a morte, a filosofia... Foi o William quem descortinou para mim os bastidores de Brasília, ainda na era FHC. Gosto de pensar que, sem nossos antecessores, não somos absolutamente nada. Deram-nos a vida, fisicamente, ou abriram – com muito esforço e sacrifício - as estradas onde hoje transitamos com passo firme. Não fosse pelo William, estaríamos atrasados em nossa luta por dignidade, direitos e políticas públicas. Seu falecimento nos deixa um vazio, que só poderá ser preenchido fazendo jus à sua memória e prosseguindo na caminhada da qual ele foi um dos precursores no Brasil. WILLIAM AGUIAR, PRESENTE!





Guilherme Cavalcante - 09.09.2014 

Toda amizade tem seus altos e baixos. Não sei se foi só comigo, mas minha relação com o Bill é (sim, sempre no presente, pois jamais findará) assim. Já tivemos muitas discussões sérias, brigas, desentendimentos, barraquinhos e barracões. Já vi esse fofo rodar a baiana muitas vezes, principalmente nos Facebooks da vida. E eu acho que exatamente por isso que gosto dele, neste plano ou nos outros, porque sua experiência de vida o obrigou a ser sempre uma pessoa muito honesta. O mundo precisa de honestidade.

Ultimamente, era a quem eu recorria por conta dos meus dramas existenciais, digamos assim, desde meus contragostos com a militância do meu estado como algumas situações que envolveram minha saúde, família, namorado, etc. O Bill sempre foi muito direto para dizer o que pensa e naquele momento eu precisava de realidade, de pé no chão. Conversávamos sobre amor, viadagens, candomblé, política, viagens, jornalismo, sempre dando pinta, muita pinta, quilos e quilos de purpurina.

Por não ter papas na língua, o William certamente deve ter afastado muita gente dele. Seleção natural. Eu, no entanto, o observava com admiração. Numa dessas madrugadas passamos horas conversando, eu atentamente assimilava sua história de militância. Por muitas vezes intencionei trazê-lo a MS para reuniões de formação política. Infelizmente nunca deu certo.

Até que um dia soube por ele mesmo de suas condições de saúde. Em agosto, quando houve a piora do Bill, conversei com o Beto de Jesus para saber se era ok eu falar com ele por telefone. Cheio de ressalvas (“só conversem amenidades, ele está em situação gravíssima”), consegui falar no celular dele. Ele tomava suco de melancia e eu disse que era incrível como mesmo acamada “essa bee não deixa de ser fresca”. Rimos. Aliás, rimos muito. Até que foi preciso me despedir para que ele descansasse. Sabia que aquele seria nossa última conversa e ao desligar o celular desabei a chorar. Culpa, eu acho.

Em junho estive em São Paulo e parei em frende a casa dele, na Alameda Barros. Liguei em seu telefone e ele disse: “querido, não se assuste, mas estou no hospital”. Não me assustei, fui procurá-lo no hospital, mas era meu último dia em São Paulo e eu não estava no horário de visitas. Não insisti. Deveria ter feito isso. Não pude dar um abraço no meu amigo. A culpa vem daí.

Sei que ele sabe, mas tenho muita gratidão por tê-lo conhecido. No coletivo Nosso Projeto (que reuniu muita gente legal, como o Caio Varela, Gleides Simone, Simone Florindo, Raphael Valente, Kátia Guimarães, dentre outros), conseguimos realizar ações muito bacanas na Internet. Com o Bill, tive a melhor dimensão do que é ser militante LGBT e o que é levar isso nas costas. Com ele aprendi muito, não só a levar o assunto a sério, mas as delícias de ser “bicha”, como ele mesmo dizia. Aprendi com ele a ressignificar palavras. Aprendi a reconhecer meus amigos de verdade. Aprendi que nesse mundo de opressão é fundamental se posicionar. Não tenho palavras para agradecer a esse tal de destino por ter-nos colocado na mesma estrada por algum tempo.
Meu amigo, tenho a certeza do nosso reencontro. Muitas saudades e admiração sempre. Amo você.





Clau Monteiro - 09.09.2014 


Fizeste arte,
vais agora, errante, colorir outros mundos,
com tua força, tua acidez, tuas virtudes,
vai amigo querido,
saudar um outro mundo,
vai em paz, siga teu caminho,
aprendizes que somos,
descanse agora,
vai menino passarinho,
ficamos nós aqui com saudades...



Caio Varella - 09.09.2014 



William foi um grande amigo, um irmão. Sorriamos, brigávamos, aprendíamos, fofocávamos, discutiamos, construímos, nos xingávamos, chorávamos juntos. 

Tive o prazer de conhecer a bee há mais ou menos 17 anos ainda em Sampa. Irriquieto, rápido, radical naquilo que acreditava, William causava admiração , respeito, raiva (dxs invejosxs) e provocava na gente aquela vontade de ir mais além, de aprender mais, de ampliar a mente e as possibilidades que a vida nos oferece. 

Ele me ensinou muito, me corrigiu, me fez pensar duas , três , quatro vezes. Me fez voltar atrás, reconhecer erros e crescer. Acho que esse é o melhor verbo, crescer, a Bonytah fazia com que todas as pessoas que estivessem ao seu lado crescessem. E euzinho fui um desses privilegiados. Antes de minha mudança para Buenos Aires, estávamos muito próximos, pude acompanhar a coragem, a garra e a hombridade com as quais William enfrentou o câncer, o HIV e as mazelas políticas de um partido que mudou demais e pra pior, segundo ele mesmo. 

Pude acompanhar a revolta de William ao ver as políticas LGBTs rifadas num jogo político que ceifa vidas. Sua indignação com o movimento era algo que o fazia gritar e seguir em frente. Em nossa ultima conversa virtual ele me falava de sua vontade de fazer mestrado na UFPA, de estar perto de seus familiares sanguineos, de poder da aula (como se ele não fizesse isso o tempo todo), de se livrar do caos de Sampa e das baixarias de Brasília. 

Ele me falou do tratamento doloroso e de sua dificuldade em dormir. Mas com toda sua força me disse: “Se eu sair de tudo isso, vou aí te visitar, e vamos rir juntos”. O finalzinho da nossa conversa foi sobre os gays reacionários que votam e fazem campanha pra Marina. 

Ele me comentava quão triste ver o caminho de nossa política tomou. Sua ultima frase foi: “Deu uma pequena porrada”, se referindo ao Coió que acabara de dar numa dessas bees. Eu sorri, pois vi a frase saindo de sua boca, escutei o som de sua voz. Infelizmente, não pude dizer obrigado por compartilhar tantos momentos lindos juntos. A bee descansou. Sentirei muita saudade, mas seguirei com a revolta (algo que sempre tivemos em comum) na luta por dias melhores. No próximo finde, vou a um lugar aqui que ele gostava muito , me sentarei e tomarei um bom vinho em sua homenagem , e claro vou (vamos) rir muito. Obrigado irmão querido! #umbeijoprastravestys



sábado, 30 de agosto de 2014

Marina Silva desmente a sua mentira - Coisas dos direitos das bichas

Marina foi mais rápida que Dilma quando se tratou de recuar e negar apoio às principais reivindicações do movimento LGBT. Seu programa de governo lançado ontem, sexta feira, apresentava um pequeno rol de promessas que conseguia atender às principais reivindicações do movimento gay. Casamento igualitário, criminalização da homofobia, legislação para aditamento de registro civil de nome e sexo de travestis e transexuais, execução do Projeto Escola sem Homofobia, prestação de serviços públicos básicos de capacitação para inclusão em mercado de trabalho etc.

Seu programa foi lançado à imprensa às 16 horas da sexta feira e hoje, sábado, a partir das 9 da manhã já constava uma nota fazendo correções neste ponto do programa. Em suma, Marina fez o que Dilma já fizera, mas foi mais rápida. O recuo se deu pela pressão que os gangsteres fundamentalistas exerceram sobre seu comitê, Se fazem isto agora, imaginem se ela for eleita do que serão capazes de fazer - e até onde vai ceder.

Marina foi mais uma vez fiel a sua tradição de ser ambígua e imprecisa sobre questões de comportamento e mais uma vez praticou um estelionato eleitoral. Durante anos Marina fazia questão de confundir casamento civil com casamento religioso para justificar sua desaprovação às uniões entre pessoas do mesmo sexo. Apostava na desinformação e deseducação do eleitorado. 

As bichas, sapatões, bi, travestis e transexuais que já marinaram por causa do seu programa, que desmarinem, pois os direitos de LGBT foram abortados (ui que palavra feia) antes mesmo da candidata ser eleita. 

Segue um quadro comparativo com as propostas mentirosas e o imediato desmentido das mentiras:

Programa de governo da candidatura de Marina Silva divulgado na sexta dia 29.08.2014
Nota de esclarecimento do dia 30.08.2014
Comentários



Para assegurar direitos e combater a discriminação:
Para assegurar direitos e combater a discriminação:




Apoiar propostas em defesa do casamento civil igualitário com vistas à aprovação dos projetos de lei e da emenda
constitucional em tramitação, que garantem o direito ao casamento igualitário na Constituição e no Código Civil.
Garantir os direitos oriundos da união civil entre pessoas do mesmo sexo.


Afasta o reconhecimento do casamento igualitário e restringe-se a garantir direito da união civil, o que é obrigação de qualquer administrador público, vez que se trata de decisão do STF.

Articular no Legislativo a votação do PLC 122/06, que equipara a discriminação baseada na orientação sexual e na
identidade de gênero àquelas já previstas em lei para quem discrimina em razão de cor, etnia, nacionalidade e religião.


Retira o apoio à criminalização da homofobia
Comprometer-se com a aprovação do Projeto de Lei da
Identidade de Gênero Brasileira − conhecida como Lei João
W. Nery −, que regulamenta o direito ao reconhecimento da
identidade de gênero das “pessoas trans”, com base no modo
como se sentem e se veem, dispensando a morosa autorização
judicial, os laudos médicos e psicológicos, as cirurgias e
as hormonioterapias.

Aprovado no Congresso Nacional o Projeto de Lei da Identidade de Gênero Brasileira – conhecida como a Lei João W. Nery – que regulamenta o direito ao reconhecimento da identidade de gênero das “pessoas trans”, com base no modo como se sentem e veem, dispensar a morosa autorização judicial, os laudos médicos e psicológicos, as cirurgias e as hormonioterapias.

Afasta-se do compromisso da aprovação do Projeto de Lei (não vai pressionar sua base no legislativo)
Eliminar obstáculos à adoção de crianças por casais homoafetivos.
Como nos processos de adoção interessa o bem-estar da criança que será adotada, dar tratamento igual aos casais adotantes, com todas as exigências e cuidados iguais para ambas as modalidades de união, homo ou heterossexual.
Ressalta as exigências e cuidados iguais para as adoções feitas tanto por casais de uniões homo como de heterossexuais.
Normatizar e especificar o conceito de homofobia no âmbito
da administração pública e criar mecanismos para aferir os
crimes de natureza homofóbica.

Normatizar e especificar o conceito de homofobia no âmbito da administração pública e criar mecanismos para aferir os crimes de natureza homofóbica.

Sem alteração
Incluir o combate ao bullying, à homofobia e ao preconceito
no Plano Nacional de Educação, desenvolvendo material
didático destinado a conscientizar sobre a diversidade de
orientação sexual e às novas formas de família.

Incluir o combate ao bullying, à homofobia e ao preconceito no Plano Nacional de Educação.
Exclui o material didático (Escola sem homofobia)
Garantir e ampliar a oferta de tratamentos e serviços de saúde
para que atendam às demandas e necessidades especiais
da população LGBT no SUS.

Garantir e ampliar  a oferta de tratamentos e serviços de saúde para que atendam as necessidades especiais da população LGBT no SUS.

Reduziu a proposta de atendimento das "demandas e necessidades" dos serviços de saúde para tão somente as "necessidades dos serviços de saúde" 
Manter e ampliar os serviços já existentes, que hoje atendem
com capacidade ínfima e filas de espera enormes.


Exclui este compromisso
Assegurar que os cursos e oportunidades de educação e capacitação
formal atendam aos anseios de formação que a população
LGBT possui, para garantir ingresso no mercado de trabalho.

Assegurar que os cursos e oportunidades de educação e capacitação formal considerem  os anseios de formação da população LGBT para garantir ingresso no mercado de trabalho.

Reduz de “atender” para “considerar” os anseios da formação da população LGBT
Dar efetividade ao Plano Nacional de Promoção da Cidadania
e Direitos Humanos LGBT.

Considerar as proposições do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos LGBT na elaboração de políticas públicas específicas para populações LGBT
Reduz de “dar efetividade” para “considerar as proposições”

sábado, 23 de agosto de 2014

Luciana Genro responde sobre homofobia e fundamentalismo religioso






De fato, ela tem uma visão clara sobre homofobia e o mal social que ela representa, o que a diferencia dos outros candidatos. Lamentavelmente não se faz escolha pelo candidato ou candidata tão somente pela sua opinião e empenho para erradicar a violência homofóbica. Se, do contrário fosse, certamente eu votaria nela.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

O meu primeiro bullying. Colégio Meninópolis. De vítima a algoz: herança maldita.

Quando eu tinha 7 anos de idade, no ano de 1968 - para mim o ano que ainda não terminou - aprendi na prática o que era bullying, ao entrar no Colégio Meninópolis. Escola particular, católica, exclusiva para meninos e dirigida por padres da Congregação Pime, localizada no bairro paulistano do Brooklin, zona sul de São Paulo. Na minha visão de criança os padres do Pime eram grosseiros, falavam alto, e com sotaque de italiano ininteligível. Eram arrogantes, severos e sempre dispostos a repreender gratuitamente, para jamais perder a autoridade. O que me chamava a atenção é que jamais os via sorrindo, exceto quando estavam na presença dos pais de alunos, o que me passava a impressão de serem dissimulados. 


Ao contrário do pré-primário que cursei no ano anterior, no Colégio Jesus Maria José, onde tudo era um verdadeiro Jardim da Infância, os anos posteriores foram tormentosos e violentos, ameaçadores e sombrios, que me deixaram marcas indeléveis e fantasmas que até hoje me visitam, apesar de eu já tê-los expulsado várias vezes de minhas memórias em infindas sessões de terapia.


Não consigo entender como há pessoas que hoje ainda alimentam blogs, sites, listas de conversação e perfis em redes sociais com lembranças e saudosismo dos tempos de infância e adolescência no Meninópolis. Acho que alguém se esqueceu de me avisar que existia um lado bom naqueles anos e naquele lugar. Eu faltei na aula sobre este assunto, ou o meu pai pagou somente a parcela standard, relativa ao lado básico do ensino fundamental da época, que era um atraso. 

O bom do curso, o filet mignon, aquilo que hoje meus antigos colegas sentem saudades e motivos para celebrar nos seus blogs, isto tudo deixaram de me mostrar. Não guardo saudades, nem boas recordações de um único amigo. Nada. O dia que o Meninópolis foi entregue para a administração da Arquidiocese de Santo Amaro, depois de mais de 30 anos que saí de lá, eu festejei a notícia do fracasso do empreendimento empresarial e educativo da Congregação Pime. Posteriormente, no dia que ele fechou em definitivo, eu constatei que eu absolutamente dali era um sobrevivente. Que, apesar do Meninópolis, dos seus padres e de suas professoras, eu havia conseguido sobreviver com alguma sanidade mental e emocional.


Lembro me bem de todas as minhas professoras do curso primário, desde a dona Setuko, do primeiro ano, passando pela dona Pérola, dona Aurea e finalmente dona Mercedes. Escrevi e reescrevi este parágrafo pelo menos umas dez vezes, e a cada uma delas eu qualificava estas professoras com os piores predicados. Decidi por fim e por cautela simplesmente mencionar seus nomes. Estou certo que algumas já se foram, senão todas, mas continuaram habitando em minhas memórias as piores das lembranças. Nunca me senti à vontade, nem feliz, nem confortável, nem porra nenhuma naquele colégio, nem com aquelas professoras. Infância sofrida, triste e oprimida.

Naquele tempo eu não tinha noção de que era gay, que tinha desejo por outros do mesmo gênero, ou mesmo que a vida poderia ser melhor do que eu até então experimentara no convívio com coleguinhas, professoras e padres. Por outro lado, tinha também a limitação dos meus pais em não questionar nem cobrar dos padres e do sistema educacional um tratamento no mínimo justo e ético. Para eles, se havia problema, este era causado por mim e não pela escola e seus educadores. Tenho hoje a certeza que eles não tinham a noção do que se passara comigo durante aquele período. 

Acho que se meus pais ao menos uma vez tivessem me pego pela mão, ido até a escola e apontado o dedo no nariz da orientadora pedagógica ou da secretária da escola, ou do Padre Diretor, para lhes fazer reclamação dos maus tratos a que eu cotidianamente era submetido ou de como era ruim (para falar o mínimo e não perder a compostura) a pedagogia que me era aplicada por aquelas professoras despreparadas, eu certamente seria outra pessoa. Seria mais feliz. 

Fui educado com a ideia de que professores e pais não erram e, se erram, mesmo assim não podem ser questionados. Questionar é desrespeitar sua autoridade. 

Puta merda, fica difícil ser uma pessoa normal, com auto estima, com garra para viver, com vontade de ganhar dinheiro, com coragem de vencer na vida, se já enfiam na nossa cabecinha, desde pequenos, que somos errados até que provemos o contrário. Isto me lembra o papa João Paulo II, hoje equivocadamente canonizado, que disse que a homossexualidade é intrinsecamente má. Daí, não tem escapatória, os gays (LGBT) estão fadados ao fracasso da vida, segundo o infalível e santo papa. Nossa, só de lembrar do santo me dá arrepios. 

Se eu fosse percebido e ouvido pelas pessoas daquela escola, eu teria aprendido mais cedo que a felicidade faz parte do dia a dia, que reivindicá-la é algo natural e normal e que reagir contra a opressão não é ato de revolta e explosão, as quais só ocorrem depois de muito sofrimento represado. Enfim, que todos as pessoas têm direito a reivindicar para obter  felicidade.

Tudo ilusão e sonho da minha parte. Aguentei o pior dos tempos, pela bosta daquela escola, violenta e despreparada. Ainda bem que o Meninópolis fechou, e espero que tenha fechado para sempre!


Mas, o pior mesmo foi quando a vítima se transformou em algoz. E, foi o que aconteceu comigo. Eu passei a praticar com desenvoltura o mesmo bullying que fora vítima, contra meus colegas mais frágeis, como uma forma de sobreviver e superar as próprias opressões que sofria. A consagração da formação do caráter distorcido, o sucesso da educação recebida. Recordo-me de Fernando, um menino meigo e bondoso, que era o meu alvo predileto, a quem eu exercia toda a sorte de agressão e constrangimento verbal. E não havia razão específica, mas pelo simples fato de saber que ele era mais frágil, sensível e vulnerável. Havia um outro também, Carlos, que tinha uma deficiência congênita num dos olhos, que era menor que o outro. E eu, sempre que o via, imitava-o, franzindo um dos lados do rosto.


Ainda hoje vivo com ressentimentos pelas coisas que fiz e pelas coisas que fizeram comigo. Anos depois encontrei Carlos no Fórum. Eu bem que quis me aproximar e falar com ele, mas não tive chance, ele simplesmente fingiu que não me conhecia. Fez ele muito bem.


Não é à toa que o desafio pela igualdade de direitos e respeito à dignidade da pessoa humana são assuntos tão caros para mim, que os tomo como uma cruzada de pleno século XXI. 

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Erika Kokay é a nossa candidata. Ou ela ou mais um período de trevas.



Jair Bolsonaro quer ser o sucessor de Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal.

Você concorda?

Pessoal, chegou a hora desta gente bronzeada mostrar seu valor para impedir esta catástrofe.




Prestem bem atenção e sigam as nossas dicas caso não queiram deixar que o Deputado Jair Bolsonaro - aquele que disse que seus filhos receberam uma boa educação e não andavam com pessoas do  convívio de Preta Gil - seja eleito e assuma a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, que até poucos dias era exercida pelo Deputado Marco Feliciano - aquele que disse que os africanos descendiam de Noé, e que era uma geração amaldiçoado.

Logo, a alternativa é colocar na presidência da Comissão a Deputada Erika Kokay (PT/DF) nome de consenso que tem recebido o apoio de vários deputados, inclusive de outros partidos. Os movimentos sociais de defesa dos direitos humanos estão também empenhados na vitória de Erika Kokay - e na derrota de Jair Bolsonaro, deputado que não se cansa de elogiar a ditadura militar e de hostilizar e discriminar os LGBT.

Para tanto, teclados e monitores à mão para copiar e colar os endereços eletrônicos dos deputados e deputadas federais. Temos que encher as caixas postais destes parlamentares exigindo que a Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias seja do Partido dos Trabalhadores e, assim, escolhida Erika Kokay para ocupar este cargo.

1) Texto: Para facilitar o trabalho, sugerimos o seguinte texto a ser enviado na mensagem:

"Cidade, data

Exmo(a) Sr. (a) Deputado(a) Federal,

Venho pela presente solicitar o empenho, o compromisso e a participação efetiva de Vossa Excelência para que a Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal nunca mais seja ocupada por pessoas que propugnam exatamente o contrário do que a história de luta pelos Direitos Humanos tem alcançado em favor da evolução de nossa civilização. 

Deste modo, solicito a Vossa Excelência que assegure com seu voto em favor do Partido dos Trabalhadores, e em especial da Deputada Federal Erika Kokay, a Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal. Sua contribuição é imprescindível e contará com o acompanhamento, a pressão e o controle social exercido pelos grupos e defensores de direitos humanos.

Atenciosamente
nome"


2) Eis o link com os endereços eletrônicos dos deputados e deputadas federais:

https://www.google.ch/url?sa=t&rct=j&q&esrc=s&source=web&cd=6&cad=rja&ved=0CE4QFjAF&url=http%3A%2F%2Fwww.portalpopulardacopa.org.br%2Findex.php%3Foption%3Dcom_k2%26view%3Ditem%26task%3Ddownload%26id%3D4&ei=RcX0UvSEEImGhQfMlICADw&usg=AFQjCNFjoHQKKlWXpelxM6oX9CkEYeeohg&sig2=f7gU83HG9XOqbMyM_787WQ