O ex membro da juventude hitlerista, ex-prefeito da Sagrada Congreção da Fé (antigo Santo Ofício), ex cardeal Ratzinger e atual papa Bento XVI fez hoje (dia 28.10.2010) um discurso para os bispos brasileiros, enfatizando que os pastores tem o dever de emitir juizos morais, mesmo se tratando de matéria política.
Para bom entendedor, meia palavra basta. Orientem seus fiéis a não votar naqueles que apoiam (i) a descriminalização do aborto, (ii) a criminalização da homofobia e (iii) a aprovação da união civil, ou casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Quando a gente pensa que este lamaçal da campanha presidencial, de misturar valores religiosos com promesas partidárias, a paga de votos, já tinha acabado, surge agora nova polêmica com as declarações de Ratzinger.
Interessante registrar que Mino Carta* , diretor de Redação da Revista Carta Capital, reagiu imediatamente ao pronunicamente do infalível pontífice, fazendo a seguinte declaração no site de Carta Capital:
“Acho que o papa deveria se preocupar com os escândalos que pipocam todos os dia na Igreja Católica. Deveria se preocupar com os padres pedófilos, e este, a bem da verdade, é um antiguíssimo problema, sempre hipocritamente ignorado. Deveria se preocupar com os inúmeros prelados que têm relação com a máfia. E com as investigações da justiça italiana sobre as atividade de seu banco, o IOR – Instituto para as Obras de Religião – que é, há muito tempo, um dos mais renomados do mundo em matéria de lavagem de dinheiro. A hipocrisia vaticana se revela até mesmo no nome. Que “obras religiosas” seriam essas?”
Não foi sem razão que, anteontem, um grupo de entidades, associações não governamentais e pessoas físicas, por iniciativa da entidade Católicas pelo Direito de Decidir, protocolou junto ao Ministério Público Eleitoral uma denuncia contra as duas coligações, (leia noticia e inteiro teor da representação aqui). que vem abusando da boa fé e de valores espirituais, para contaminar e perverter o Estado Laico com religiosidade medieval e violadora de direitos humanos.
Este blogueiro também subscreveu a representação ao Ministério Público Eleitoral, a qual manifestou indignação e denunciou o abuso contra direitos humanos de mulheres e de gays (LGBT), por que temas caros a ambos grupos, como aborto e casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, estão sendo usados indevidamente pelas duas coligações, tão somente para fins de obtenção de votos.
O papa perdeu uma boa oportunidade para ficar calado, rezar um pouco mais, e pedir perdão pelos pecados cometidos por membros de sua Igreja, inclusive o de ocultar e proteger molestadores sexuais de menores. Ponto para Mino Carta e para a iniciativa de Católicas pelo Direito de Decidir.
*Mino Carta fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital. Foi diretor de Redação das revistas Senhor e IstoÉ. Criou a Edição de Esportes do jornal O Estado de S. Paulo, criou e dirigiu o Jornal da Tarde.
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