Preparei esta pseudo crônica de pronto, e acabei esquecendo-a no canto das edições a serem postadas. Hoje, depois de 45 dias ressuscito-a, como boa recordação. Só para registro. Vida normal é ótima. Vamos às memórias.
"Hoje, domingão, foi o dia da vitória de Dilma Roussef sobre José Serra, ganhando a eleição por 56,05 % (55.748.810 voto) a 43,95% (43.708791 votos) no segundo turno.
"Hoje, domingão, foi o dia da vitória de Dilma Roussef sobre José Serra, ganhando a eleição por 56,05 % (55.748.810 voto) a 43,95% (43.708791 votos) no segundo turno.
De manhã não fiz absolutamente nada, senão ficar zapeando a televisão a procura de informações sobre o andamento das eleições, mas o que eu queria mesmo eram os resultados de pesquisas de boca de urna, o que sómente seria possível depois das sete da noite, horário de Brasilia. Afinal, só depois do encerramento das eleições às cinco da tarde no Acre é que seria permitida a divulgação do resultado das pesquisas.
Meu marido estava também ansioso por notícias eleitorais, mas a televisão não trazia nada, a não ser os comentários obvios dos jornalistas de plantão: "mesmo que a oposição perca, se a diferença for pequena, ela ficará mais forte", por exemplo. Nossa, e pensar que eles ganham salário para falar estas coisas.
Depois de um café da manhã bem tomado, lá pelo meio dia, começamos a nos arrumar para votar. Primeiro fui eu, aqui perto de casa, no Bras, Escola São Paulo. Tudo tão tranquilo e civilizado, sem baixaria, nem qualquer conflito que comecei a achar que a democracia e o desenvolvimento e maturidade do povo parecem algo muito "boring", chato, mesmice. Mas, era para isto que a gente lutou e buscou a vida toda. Antes de chegar no lugar de votação do maridão, no Colégio Palmares, na Vila Madalena, paramos para comprar duas garrafas de vinho, para o almoço na casa de amigos, usual encontro em dias de eleição. Eu nunca participei deste evento, isto sempre era coisa do marido e dos seus amigos e amigas, companheiros de longa data, do tempo que trabalhavam em redações de jornais da imprensa alternativa, tipo Jornal Movimento, nos idos anos da segunda metade da década de 70 e primeira metade da década de 80.
Confesso que me senti um peixe fora d´água, longo que cheguei, mas não demorou muito para me ambientar com uma receptividade apaixonante. A fome é uma coisa inegável e não me deu muito tempo para ter pudores, ou outras mesuras. Cheguei, conheci as pessoas e sentei me estrategicamente ao lado de uma das mesas onde estavam servindo vários petiscos e bebidinhas maravilhosas. Lambi os beiços.
Estes jornalistas não são lá muito ricos, mas têm muito bom gosto. Mais ainda se comparados aos advogados e militantes gays que estou acostumado a conviver. Comi e bebi o de melhor e vi a discussão dos inconfessáveis dilmistas, e até as críticas que faziam aos colegas que estavam na telinha, fazendo comentários. O Merval Pereira e a Miriam Leitão foram servidos à pururuca pela língua dos presentes.
Atè uma maconhazinha bem disfarçada rodou naquele grupo de cinquentões. Bebida também rolou solta, e todos ficamos bem relaxados e sorridentes. No final, um brinde alegre e emocionado à vitória de Dilma foi feito por todos, depois que o único serrista presente tinha acabado de ir embora, é claro. Na hora das despedidas umas caronas foram distribuidas para os mais alcoolizados.
Domingão bom, sem faustão, nem fantástico, com a primeira mulher eleita presidenta do Brasil. Há vida lá fora "
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