Se tinha algo do qual eu me orgulhava até ontem à noite era o de sempre ter sido parado nas blitz da lei seca para fazer o teste de dosagem alcoolica e nunca ter sido multado. Sou campeão em fazer o teste de assoprar o bafômetro, mas nunca detectaram nada. Raramente bebo durante a semana e, se o faço nos finais de semana são sempre em situações planejadas para não pegar no volante depois de umas caninhas.
Ontem, aconteceu tudo diferente. Participei de um debate promovido pelo Centro Acadêmico XI de Agosto da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e depois saí para jantar com alguns amigos. O lugar escolhido foi o Planeta´s na Martins Fontes, velho restaurante que eu costumava frequentar já nos idos anos 80, quando trabalhava nas imediações.
Tomei dois chopps e pedi uma deliciosa massa - nhoque ao pesto. A sobremesa foi um pudim de leite com chantilly acompanhado de água e um café expresso. O friozinho da noite ajudou a tornar o jantar muito agradável. Tudo isto pela bagatela de R$ 45.00 (quarenta e cinco reais). Caro demais para um jantar. São Paulo está inviável de se viver.
A conversa das amigues tava boa e eu aprendi muito sobre vegetarianos, Buenos Aires e seus gays e tantos outros assuntos totalmente e deliciosamente descomprometidos. Tava inagurado o final de semana. Ao final, todos se despediram, inclusive este que vos escreve e cada uma voltou para casa.
Eis que eu, acompanhado de meus dois chopps, entramos no possante tomóvel e passamos pela Augusta, depois viramos à direita na Caio Prado e depois, à direita novamente na Rua da Consolação, até a entrada no subterrâneo da Praça Roosevelt.
Foi depois que eu entrei no túnel que eu avistei a blitz, parando todos os carros que passavam por aquele caminho. Os motoristas paravam, davam uma baforada na maquininha e iam embora ou... se ferravam, encostavam e sabe lá deus o que acontecia. Meu coração disparou e os dois chopps passaram a gritar lá de dentro: quero sair, quero sair. Teorias sobre teor alcoolico de 2 chopps já rondavam minha cabeça para me convencer que não seria pego, mas a maturidade e a realidade me acordaram: você vai ser pego, seu bebado.
Alguns motoristas pararam seus carros antes da blitz e puseram triangulos ao lado, para anunciar que os carros estavam quebrados. Assim não teriam que passar pela blitz e baforar naquele aparelhinho dedo duro. Espertos eles, não?
Não foi o que aconteceu comigo. Não tinha espaço nem para quebrar de verdade, muito menos para fingir que o carro tinha quebrado. Ou eu passava pela blitz ou eu passava pela blitz. Então decidi passar pela blitz. Na minha frente um carro foi parado, o motorista baforou e foi liberado. Aí.... era minha vez.
Não foi o que aconteceu comigo. Não tinha espaço nem para quebrar de verdade, muito menos para fingir que o carro tinha quebrado. Ou eu passava pela blitz ou eu passava pela blitz. Então decidi passar pela blitz. Na minha frente um carro foi parado, o motorista baforou e foi liberado. Aí.... era minha vez.
Sabe o que aconteceu? O guarda acenou me liberando. Pode passar tio. Acho que foi isto que a mão dele quis dizer. Ufa! Não baforei. Não fui pego. Isto sim é o que chamo de grande emoção para inaugurar o final de semana. Esta foi a primeira e última vez. Acho que envelheci uns 4 anos só naqueles 5 minutos de fila de blitz. Nunca mais.