Aqueles que têm expectativa da apresentação de um programa e de propostas de ação de um conselheiro estadual LGBT podem tirar o cavalinho da chuva. Conselheiro existe para, segundo diz o próprio nome, dar conselho. Conversa, faz pressão, ouve daqui, ouve de lá.
Não é demérito algum, mas não dá para prometer construir Disneylândia exclusiva para LGBT ou acabar com a homofobia em 10 dias sendo eleito conselheiro estadual LGBT. Os conselheiros não tem poder, orçamento, salário etc e tampouco legislação que lhes assegure poder para executar programas.
O conselho foi criado e será instituído para acompanhar a ação do poder público, sugerir e fiscalizar a execução de políticas públicas. Ele é composto por 20 membros, sendo 10 indicados pelo poder público e 10 eleitos pela comunidade LGBT.
Vocês imaginam que algum dos 10 indicados pelo poder público tomaria alguma decisão em sentido contrário aos interesses do governo estadual? Então temos efetivamente 10 membros eleitos pelo segmento social que devem ficar unidos e fazer frente à posição governamental toda vez que ela contrariar os interesses de LGBT.
Isto se todos os 10 forem realmente independentes. Estes conselheiros são os representantes da sociedade e tem a obrigação de fazer pressão e exigir ações efetivas. Devem ter um canal aberto com a sociedade civil para levar informações, denunciar irregularidades governamentais e ouvir as demandas da comunidade. Um conselho é sempre um cabo de guerra, sempre tensionado e cada um puxando para o seu lado.
Isto se todos os 10 forem realmente independentes. Estes conselheiros são os representantes da sociedade e tem a obrigação de fazer pressão e exigir ações efetivas. Devem ter um canal aberto com a sociedade civil para levar informações, denunciar irregularidades governamentais e ouvir as demandas da comunidade. Um conselho é sempre um cabo de guerra, sempre tensionado e cada um puxando para o seu lado.
Eis por que tenho insistido na necessidade de conselheiros eleitos pelo movimento social que representam efetivamente suas necessidades. Não é bom ter conselheiro que está lá para defender a estratégia de seu partido político, sua igreja, grupo econômico, ou seja lá o que for.
Prioridades para o Conselho – Indico algumas das minhas prioridades e sugestões, sem ordem estabelecida ou hierarquizada.
a) Estabelecer canal de comunicação direta e transparente com os diversos segmentos da comunidade LGBT: jovens, idosos e idosas, negros e negras, lésbicas, travestis e transexuais, profissionais do sexo, LGBT que vivem com HIV dentre outros, através de diálogos com suas organizações e por meios de audiências públicas para ouvir e conhecer suas demandas específicas para construção de políticas publicas,
b) Dar ênfase na mudança e melhoria radical
de políticas de segurança pública para a comunidade LGBT, visando reduzir os
índices de violência e homicídio homofóbico, bem assim a própria violência
policial, em especial nas periferias das cidades paulistas. Estabelecer diálogo
com a secretaria de estado e fiscalizar sua atuação;
c) Aproximação e diálogo com o poder público
estadual competente para sensibilizá-lo a tornar mais severas as penalidades da
Lei no. 10.948/2001, sobre discriminação homofóbica.
d) Estabelecer diálogo e fiscalização direta
com as secretarias de estado e outros órgãos públicos estaduais visando
aplicação de políticas públicas voltadas à capacitação de trabalho e geração de
emprego, em especial para jovens, travestis e transexuais;
e) Fomentar maior difusão de conhecimento
para o movimento social LGBT sobre estrutura e meios do poder público estadual
postos à disposição para o combate à homofobia;
f) Estabelecer políticas públicas visando a
reversão da evasão escolar de LGBT e fiscalizar a educação pública visando
eliminar dos estabelecimentos públicos proselitismo religioso homofóbico e
machista;
g) Estabelecer políticas públicas para
proibir a aplicação de recursos de publicidade estatal em meios de comunicação
que difundem e promovem mensagens com conteúdo de violência e homofobia
simbólicas;
h) Estabelecer diálogo com o Ministério
Público visando sensibilizá-lo para efetividade de persecução penal contra
prática de proselitismo religioso com conteúdo homofóbico nos meios de
comunicação de massa e em ambientes públicos;
i) Estabelecer políticas públicas para
proibir quaisquer convênios públicos de assistência social, cultural e de
educação com entidades religiosas ou afins que difundam discurso homofóbico;
j) Estabelecer políticas públicas para
majorar orçamento e aparelhamento da Defensoria Pública, destinando a aplicação
específica em favor de vítimas de homofobia, machismo, violência doméstica,
discriminação e preconceito sexual.
k) Utilizar os meios estatais para criação de
indicativos sobre violência homofóbica, incidência de preconceito sobre
trabalhador e trabalhadora LGBT e estudantes LGBT, cultura, educação, padrão de
consumo, inserção em mercado de trabalho da comunidade LGBT.
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